sexta-feira, 21 de maio de 2010

CARTAS DE ARUSHA 1

Dois baianos no frio do Kilimanjaro


Estou em Arusha, Tanzania, hoje é sábado, 8 de julho de 2006. Amanhã será a final da Copa do mundo, entre Italia e França. O Brasil foi eliminado.
Estamos às portas do Kilimanjaro, o 2º ponto mais alto do mundo. Um frio de lascar à noite e ventos fortes durante todo o dia.
Hoje pela manha, saí pelas ruas largas do centro de Arusha, procurando um bar que tivesse a “nossa” Kilibeer, uma das melhores cervejas que conheço, em suas garrafas de 500 ml, baixinhas e gordas, que nem algumas meninas que conheço em Salvador, menos pelo sabor, claro, porque gordas... tenha paciência e a Kilibeear é bonita e gostosa...
Andando pelas ruas, procurei a kilibeer e só encontrei a Safari, uma cerveja leve demais, tipo Bavária no Brasil, ninguém merece...
Resolví andar mais um pouco e entrei no lado oeste da Cidade, local que jamais havia ido e, vejo um bar estilo africano mesmo, sujo, escuro e cheio de gente comendo Chima e tomando uma espécie de pinga artesanal. Ao entrar, grande surpresa, uma grande bandeira do Brasil pregada na parede central.
Entre surpreso e alegre, pergunto ao balconista “do you have kilibeer?”... ao ouvir um claro “Ya”, não me contive e perguntei: “do you like Brazil?? Football?? Ronaldinho (hoje Ronaldão, o Fenômeno)?
Sem dizer nada, apenas pôs a cerveja (graças a Deus) no balcão e apontou para um cara de rosto redondo, que estava no caixa.. Imaginei ser o dono do bar, um negro que era empregado do europeu que foi embora e deixou o bar para ele, como tantos outros na Africa. Imaginei também ser um africano que gosta do futebol brasileiro.
Tomei minhas 4 ou 5 cervejas em paz, mas na saída, na hora de pagar a conta, não me contive e perguntei ao cara do caixa: “do you like Brazil?”
Ele sorriu (coisa rara nos africanos) e disse: “Ya, ya, Brazil is the Best”
Então, já animado com as kilibeers e com o papo do cara, arrisquei: “Tomorrow play Italy and France, who will win?”
Ele olhou cuidadosamente e perguntou: “Are you Brazilian?” “What does make here”
Respondi cheio de superiodade futebolística “I´m brazilian of Bahia. I am an Engineer, work for UN”
O camarada deu uma sonora gargalhada e disse: “então môço, vamos falar baianês, porque sou também sou baiano de Irecê”......


O resto, todos podem imaginar. Pretendia ficar até umas 13 horas, no máximo, mas cheguei agora em casa, já são 21 horas.
Ele largou o caixa, sentou comigo em uma mesa, e entre dezenas de kilis, coquetéis estranhos e petisco de carne de macaco, me disse que era Missionário da organização brasileira “África para Jesus”, deixou o trabalho depois de 5 anos em Arusha, montou este bar, casou com uma queniana da tribo Massai e pretende nunca mais voltar a Bahia...
Amanha, vou almoçar na casa dele.
Eita mundo veio pequeno...

2 comentários:

  1. Amigo...falar baianês com alguém de Irecê, deve ter sido para vc, naquela sede hrrível...a glória!
    Continuarei lendo as Cartas de Arusha, enquanto espero um novo "sinal de vc"

    Bjs, bjs

    ResponderExcluir
  2. ...Geraldo Anton.

    misteroso e silencioso.
    Onde te escondes
    e por que não me responde
    quero crer
    e poder
    um dia te abraçar
    mesmo que eu não seja
    a negra tão cheirosa
    que vc ama...

    ResponderExcluir

Seja bem vindo. Escreva sua opinião, sua crítica, seu elogio --- não importa. Lerei e comentarei todos...