segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cruz das Almas, de 1972 a 1976...

Um encontro casual com um colega me trazem lembranças incríveis à mente.
Tempos bons aqueles quando estudante de Agronomia da Universidade Federal da Bahia. Vão passando na minha mente as aulas de Dr. Afonso Ramos, quando me acusou de ter assassinado o cavalo dele por ter colocado na prova que no estômago do bicho tinha um ácido sei-la-qual que o mataria se lá estivesse... como esquecer o emérito Professor de Citogenética, Dr. Chico Teixeira, que costumava conduzir uma vaca no banco de trás do seu Opala... ou o Dr. Haroldo Murilo, que chamou-me de aluno debochado e, anos depois, foi o principal avaliador da minha candidatura ao Mestrado. Lembro bem do Dr. Jonas, Professor de Entomologia, que disse-me que respeitava minha rapidez de raciocínio mas que eu ia perder de ano se não decorasse mais de 5.000 nomes de insetos e inseticidas--- perdi o ano e repeti Entomologia. São lembranças que vêm uma atrás da outra... agora vejo nitidamente o Dr. Zinaldo atribuindo-me SS em Hidráulica, sem eu ter freqüentado uma aula sequer, pois eu era Professor em Sapeaçú no mesmo horário das aulas dele e ele era compreensivo...
Revejo, em minha mente, as aulas do Dr. Eduardo Ramos, meu Professor de Economia e Chefe do Departamento de Economia Agrícola, onde eu era Monitor. Revejo a indignação do Prof. Antonio Conceição, quando, ainda jovem e inexperiente, publiquei um artigo no jornal A TARDE chamado “A Moda da Mandioca”... Conceição quase explode de tanta raiva comigo. E o Professor Alício, cheio de pose, perdendo-a toda ao receber uma “galinha d´água” pelo meio dos peitos; e Borrael, digo Djael ?... tempos inesquecíveis...

Inesquecíveis também os colegas de curso. Como esquecer Zózimo Tonhão e o seu bordão ‘hoje to comendo água”... ou Jega Loura colocando apelido em todo mundo que aparecia. Como esquecer Eurides Caetano e Lucia Caetana??? Impossível não lembrar do sanduíche de camarão da Feira de Cruz das Almas ou de Gato Preto, o administrador do Refeitório. Os “furacões” nos quartos, as farras das sextas feiras, a racionalidade de Helge Sokó contrastando com minha passionalidade... e tantos outros passam na minha mente: Ismar e seu violão, Givaldo Urubú Soçaite, Eduardo, Antonio Bergman, Boca de Véia, Gozo Eterno, Elton Xexéu, Noblesse, Augencio Peninha, Arício, Pica Pau, Maracanã Casco de Jegue, Valdick Soriano, Azeitona, Aldo Dórea, Bonifácio, Zildo, Cleonice, Eptácio,Bete, Ismael... tantos que a memória me trai.
Todos com apelidos, invariavelmente colocados por Mário Jega Loura. Primeiro ele me alcunhou de Xumbrega, depois Sarapatel. Mas,fiquei mesmo conhecido como Bacelar, como me chamava o Dr. Eduardo Ramos, meu Amigo, Professor, Chefe, Incentivador e, seguramente, a pessoa mais inteligente que jamais conheci...

Éramos dois grupos, separados pela condição social. Éramos o grupo dos alunos pobres, como eu, que morávamos no alojamento universitário e o grupo dos alunos ricos, geralmente filhos de cacauicultores, que moravam em republicas na cidade e tinham automóveis, dinheiro no bolso... Separados pela condição social, mas unidos pelo deboche e pelo prazer de viver.
Hoje, todos Engenheiros Agrônomos, todos acima dos 50 anos, alguns com raízes fincadas em suas cidades, alguns Políticos, outros Técnicos de renome. Outros, como eu, cidadãos do mundo, meio ciganos, todos com muitas historias para contar.
Tempos inesquecíveis.

Um comentário:

  1. Sua história é de fato surpreendente. Pego-me fascinada com tanta riqueza, nos fatos, na história e na vida que exala de uma pessoa tão vivida e cheia de vida para viver. Parabéns, beijos.

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